O cheiro da cana cortada misturada ao suor ainda estava ali. O cubículo escuro e nada arejado aconchegava todos os desejos.
A gordura já fazia parte da decoração há tempos, impossível querer removê-la, inadmissível arrancá-la das entranhas da casa.
__ Precisamos de ácido para limpar tudo isso.
Ácido? Corroer a história? Não! Pelo amor de Deus, Não!
__ Providenciarei o ácido para limparmos tudo.
Tudo limpo... tudo doloridamente limpo.
Casa alugada, história sobreposta...
Não! Não! É uma solidão cortante não existir mais ali o cheiro do suor, do álcool e do óleo no estado de entupir as coisas.
Restara apenas um RG e um móvel desengordurado...
Identidade? Como identificá-lo naquele móvel propositalmente limpo?
Anos se passaram, o aroma do álcool agora engarrafado traz lágrimas, angústias e o líquido ameniza a dor.
O móvel será levado por aquele que traz as veias entupidas de mistérios e jamais empresta a sua sujeira para reavivar o móvel carregado de alvura.
Isso! Leve-o! Deixe o álcool, deixe um pedaço seu, deixe um pedaço dele. Empreste-me um pouco do seu sebo, devolva-me a identidade dele, a sua, a nossa...
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