Casa de tábua.
__ A bola caiu lá dentro do quintal!
__ Não teremos mais bola.
A bola em jogo novamente.
__ Na próxima vez, rasgo essa desgraça.
Gargalhadas!
__ Ufa! Ganhamos mais essa.
A menina afastou o cabelo dos olhos, enxugou o suor e entrou na casa.
Coração acelerado, o tanque sujo, com lodo. Cheiro de enxofre no ar. Chão de cimento. Na mesa da cozinha, marcas de um pó preto. Três canecas ensebadas na pia.
Uma cadeira de balanço na sala. Um banheiro emporcalhado.
Encostou-se na porta do quarto. Barulho de costura. Um estridente barulho de facas. Pôs a mão na maçaneta.
A porta escancarou a casa da outra rua. A casa do leite.
Garrafas e tamborezinhos na fila. A vaca de alumínio distribuía leite pelas tetas de plástico.
O cheiro da comida enfeitiçava as narinas de todos.
Subiu as escadas ásperas. Na cozinha, não havia fogão, geladeira, mesa... O banheiro era enlodado.
Lá estava ela: de costa, na sala. Com um coque mal feito. O cheiro da comida ficava mais forte. Barulho de leite fervido derramando-se pelo fogão.
Pôs a mão na maçaneta da porta do quarto...
Um tombo, um galo na cabeça, gargalhadas.
__ De novo, você escorregou na bola. Maria mole!
A noite chegou e protegeu os segredos daquelas casas de esquina.
Cara colega Li Gazola,
ResponderExcluirfoi você mesma quem escreveu esses contos, né?!
Como foi isso? Noto algumas características em comum entre eles....a palavra "pó", por exemplo, aparece em quase todos... de onde vem tal inspiração??
bjs, Patricia
Oi, Pat.
ResponderExcluirFui eu, sim, que escrevi os textos.
Sempre gostei da escrita para sublimar a dor. Talvez, seja esse um dos motivos para a palavra "pó" estar sempre por perto.
Bjs