Um pingo, explosão das ondas
Pedras insuportavelmente leves
Leve! Leve! Pelas forças do inferno!
Leva!
Suga! Goteja em tua alma a lavra rastejante, fria, gélida
Lavra envolvida pelo plástico
Abundante na veia
Permissão?
Nunca! Sempre...
Mais uma veia invadida
Todas tuas de novo
Rasga a carne, arranca as vísceras
Bata pregos pelo corpo
Mas as veias...
Deixa-as
Liberta-as!
quinta-feira, 15 de maio de 2014
sábado, 10 de maio de 2014
Elas!
Dia certo para comprar a roupa de ver Deus.
Materiais escolares gotejados com o sal da terra. O urucum dando vida às batatas.
Pamonha, milho assado, canja de galinha. Potinhos de plástico resplandecendo o arroz, o feijão, o frango caipira.
Merenda, bolo de fubá. Orações.
Enxada tirando o mato, a tiririca, a fumaça, a poeira... mostrando a estrada fincada nos livros, nas canetas, nos lápis.
Cheiro preto, forte, abraçando a doçura do bolo de fubá.
Um "Rezo 'procê' todos os dias"... força para seguir.
Um mundo aberto, trilhado pelo trator de quem desestabilizou cada moirão que sustentava o arame farpado da ignorância.
terça-feira, 6 de maio de 2014
Tábua de leite
Casa de tábua.
__ A bola caiu lá dentro do quintal!
__ Não teremos mais bola.
A bola em jogo novamente.
__ Na próxima vez, rasgo essa desgraça.
Gargalhadas!
__ Ufa! Ganhamos mais essa.
A menina afastou o cabelo dos olhos, enxugou o suor e entrou na casa.
Coração acelerado, o tanque sujo, com lodo. Cheiro de enxofre no ar. Chão de cimento. Na mesa da cozinha, marcas de um pó preto. Três canecas ensebadas na pia.
Uma cadeira de balanço na sala. Um banheiro emporcalhado.
Encostou-se na porta do quarto. Barulho de costura. Um estridente barulho de facas. Pôs a mão na maçaneta.
A porta escancarou a casa da outra rua. A casa do leite.
Garrafas e tamborezinhos na fila. A vaca de alumínio distribuía leite pelas tetas de plástico.
O cheiro da comida enfeitiçava as narinas de todos.
Subiu as escadas ásperas. Na cozinha, não havia fogão, geladeira, mesa... O banheiro era enlodado.
Lá estava ela: de costa, na sala. Com um coque mal feito. O cheiro da comida ficava mais forte. Barulho de leite fervido derramando-se pelo fogão.
Pôs a mão na maçaneta da porta do quarto...
Um tombo, um galo na cabeça, gargalhadas.
__ De novo, você escorregou na bola. Maria mole!
A noite chegou e protegeu os segredos daquelas casas de esquina.
__ A bola caiu lá dentro do quintal!
__ Não teremos mais bola.
A bola em jogo novamente.
__ Na próxima vez, rasgo essa desgraça.
Gargalhadas!
__ Ufa! Ganhamos mais essa.
A menina afastou o cabelo dos olhos, enxugou o suor e entrou na casa.
Coração acelerado, o tanque sujo, com lodo. Cheiro de enxofre no ar. Chão de cimento. Na mesa da cozinha, marcas de um pó preto. Três canecas ensebadas na pia.
Uma cadeira de balanço na sala. Um banheiro emporcalhado.
Encostou-se na porta do quarto. Barulho de costura. Um estridente barulho de facas. Pôs a mão na maçaneta.
A porta escancarou a casa da outra rua. A casa do leite.
Garrafas e tamborezinhos na fila. A vaca de alumínio distribuía leite pelas tetas de plástico.
O cheiro da comida enfeitiçava as narinas de todos.
Subiu as escadas ásperas. Na cozinha, não havia fogão, geladeira, mesa... O banheiro era enlodado.
Lá estava ela: de costa, na sala. Com um coque mal feito. O cheiro da comida ficava mais forte. Barulho de leite fervido derramando-se pelo fogão.
Pôs a mão na maçaneta da porta do quarto...
Um tombo, um galo na cabeça, gargalhadas.
__ De novo, você escorregou na bola. Maria mole!
A noite chegou e protegeu os segredos daquelas casas de esquina.
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