terça-feira, 25 de julho de 2017

Concreto

    Ana acordou, sentindo Maria Flor remexendo dentro de sua barriga, tentou se levantar, mas se deparou com concreto.
    Calma, é só um sonho, logo acordo de verdade. O bebê chutava sua barriga.
Suas narinas não sentiam mais o entrar da vida, se deu conta de que estava enterrada viva. Sempre tivera medo disso. Não podia ser verdade. Começou a se debater até sangrar no áspero do concreto.
Maria Flor ficava cada vez mais agitada. Ana, desesperada, incrédula, machucada, sem ar, morta.       Maria Flor demorou um pouco mais para se aconchegar no ventre morto da mãe.
    Amigos e familiares passaram meses procurando o paradeiro de Ana. Todos sabiam que ela havia sofrido várias ameaças do ex-companheiro, Agnaldo, mas a maioria se recusava a acreditar que um homem tão educado e extremamente cavalheiro pudesse fazer alguma ameaça a ela.
    Ana era considerada louca por muitos, não tinha credibilidade, suas palavras e pedidos de socorro só funcionavam com algumas pessoas.
    Agnaldo fez tudo sozinho, queria sentir o prazer de maltratá-la só para si. Ele a fez entrar no carro na volta do supermercado, ao qual ela ia a pé. Fingiu que o carro havia dado problema, parou e colocou no rosto de Ana um lenço com um líquido que a fez desmaiar. Ele sabia do seu maior medo. Já havia deixado tudo pronto no rancho onde haveria pessoas apenas depois de um mês.
    Nas festas, ninguém desconfia de que Ana estava morta embaixo daquelas terras.
    O homem sério e gentil ajuda a família da morta e a polícia nas buscas e Ana continua sendo chamada de louca por ter pedido socorro tantas vezes, avisando que esse homem poderia fazer algo contra ela.

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