Aula de Língua Portuguesa, não sei em qual ano, não sei em qual série. Professora: Maria do Carmo.
__ Paulo Maluf não é político. Ele está político...
Me assustei! Resolvi firmar a atenção na professora. Meu pensamento, desde sempre, resolve dar umas voltinhas por aí, por lá, por cá...
A professora destrinchou os verbos ser e estar.
Fiquei confusa, perdida. Não consegui destrinchar-me.
Sempre gostei de fazer exercícios de gramática, mesmo quando não entendia a finalidade. Classificar os verbos, descobrir as orações subordinadas, as coordenadas etc etc... tudo era uma aventura para mim.
Entretanto, descobrir que descobrir a classificação ou nomeação de algo não finda nada, mas abre outros algos, outras portas, que abrirão outras coisas, outros outros... ah... teve/tem um cheiro epifânico.
Meu pensamento ganhou passagens para outras viagens... se embrulhou numa maçaroca tão saborosa quanto perturbadora.
As coisas estão! Muitas vezes, insistentemente, as coisas estão por muito tempo. Buscam um status de ser, talvez por clamarem uma absolvição. O escorregão traz de volta o estar, denso, pesado, mutável, destrinchador não destrinchável.
A rota do verbo estar me apetece, talvez por minhas costas não suportarem o peso absoluto de ser.